sábado, 20 de julho de 2019

Tempos difíceis no Itamaraty



Imagem relacionada


Um conto de dois embaixadores

A nomeação de Eduardo Bolsonaro equivaleria a transferir as chaves da embaixada brasileira ao próprio Trump


Demétrio Magnoli
Folha de SP - 20 julho 2019

Escrevi, para o Itamaraty, décadas atrás, um manual de Relações Internacionais destinado ao exame de ingresso na carreira diplomática.

O primeiro capítulo aborda as origens da diplomacia e as funções do dimplamata. Se fosse reescrevê-lo, hoje, a qual certamente não serei convidado, eu organizaria o texto em torno de Kim Darroch e Eduardo Bolsonaro. 

O contraste entre as duas figuras esclarece a cisão conceitual que inaugurou a diplomacia contemporânea. Já a queda do primeiro e a ascensão do segundo iluminam o impacto do populsimo sobre os corpos diplomáticos. 

"O Estado sou eu" - nas antigas monarquias absolutas, o diplomata era um representante pessoal do soberano. Nessa condição, sua única qualificação indispensável era a fidelidade ao soberano. O círculo familiar do rei e a corte funcionavam como instâncias privilegiadas de recrutamento. O enviado era uma ponte entre duas cortes. Por isso, para sua escolha, pesavam positivamente eventuais relações de amizade estabelecidas por ele com os artesãos estrangeiros. 

A indicação de Eduardo Bolsonaro obedece ao figurino do Antigo Regime. Candidamente, seu pai e eel mesmo explicaram  que, na desolada planície de seu currículo, mais que o hambúrguer, destaca-se a amizade recente travada com o clã familiar de Donald Trump. 

Darroch simboliza o oposto disso: representa uma nação, não um soberano. O embaixador britânico nos EUA, diplomata profissional culto e experiente, serviu a governos trabalhistas e conservadores, ocupando inúmeros cargos de alta responsabilidade. Paradoxalmente, na fonte do escândalo que provocou sua renúncia encontram-se os sinais distintivos da diplomacia do Estado-Nação. 

Darroch foi atingido por três raios sucessivos: Um: o vazamento de mensagens sigilosas que enviou ao seu governo com avaliações negativas sobre a Casa Branca de Trump e a política externa americana. 

Dois: a reação furiosa de Trump, vetando contatos de seu governo com o embaixador. Três: o desamparo a que foi relegado por Boris Johnson, candidado favorito à chefia do governo britânico. 

As mensagens vazadas classificam o governo Trump como "singularmente disfuncional" e a política dos EUA para o Irã como "incoerente e caótica". 

Uma das funções do diplomata é conduzir atividades de inteligência, oferecendo a seu governo diagnósticos sobre o país estrangeiro. Darroch apenas cumpria o dever de transmitir a Londres suas apreciações políticas, certas ou erradas. Foi, porém, colhido pelo vendaval do populismo. 

Trump extrapolou os limites diplomáticos normais das relações entre aliados, aproveitando-se do vazamento para humilhar os britânicos e ganhar aplausos de sua base eleitoral. Johnson, por sua vez, preferiu lambuzar-se em elogios à Trump, colocando suas convicções ideológicas acima da obrigação de proteger a diplomacia de seu país. 

Darroch foi traído pelos poderosos de uma nação à deriva, ferida pelo plebiscito do brexit, que já não sabe separar o interesse nacional das conveniências da ala reacionária do Partido Conservador. 

A tragédia brasileira é, sob esse aspecto, um tanto parecida com a britânica. Uma prova disso emerge na indicação de Eduardo para a embaixada em Washington, posto estratégico ocupado originalmente por Joaquim Nabuco. 

O filho 03 jamais enviaria avaliações críticas como fez Darroch, pois não é capaz de distinguir o interesse nacional brasileiro dos interesses dos EUA - e nem os interesses legítimos americanos das conveniências ideológicas de Trump ou Steve Bannon. 

A sua nomeação, mais que um ultraje ao pobre Itamaraty, equivaleria a transferir as chaves da embaixada ao próprio Trump. 

A palavra final cabe ao Senado brasileiro. Otimista, acalento a esperança de que os senadores decidam declarar o Brasil um Estado-Nação, não uma monarquia absoluta. 

Demétrio Magnoli, é sociólogo, autor de "Uma gota de sangue: uma história do pensamento racial". É doutor em geografia humana pela USP e autor de manual de Geografia para preparação ao CACD pela FUNAG. 

fonte: Folha de SP  
        


quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Who will be Brazil’s Foreign Minister next month ?

























Post Western World
Oliver Stuenkel
15 nov 2017

Cabinet post horse-trading is in full swing in Brasília, and President Temer is said to plan on substituting around 17 of his 28 ministers in a major reshuffle -- a last-ditch effort to please parties whose support the embattled president desperately needs to push through even a modest version of pension reform. The issue does not only determine Brazil's economic outlook, it will also define the legacy of Temer's tumultuous interim presidency.
The party set to lose most or all of its cabinet posts are the Social Democrats (PSDB), crippled by infighting and a hamletian uncertainty about whether to continue its support of the deeply unpopular government. There were four PSDB cabinet ministers until November 13, when Bruno Araújo, Minister of Cities, anticipated his ouster by handing in his letter of resignation.
Loyal parties to the government will certainly ask for the remaining three cabinet posts, including Human Rights, Secretary of Government and Foreign Affairs, the latter of which is currently occupied by 72-year old Aloysio Nunes, former Senator and vice presidential candidate in 2014. 
Predicting who will be Brazil's Foreign Minister after Temer's cabinet reshuffle is tricky, largely because the decision will depend on many other, mutually independent negotiations that are still very much up in the air.
First of all, the Foreign Ministry, despite being one of the most prestigious cabinet posts -- indeed, Brazil's top diplomat holds one of the most attractive jobs in the foreign policy world -- it confers only limited budgetary power (the Ministry's total budget is less than US$1 billion, less than a fifth of the Ministry of Cities) and thus does not help much in Brasília's intricate backroom negotiations. This means that, paradoxically, someone may end up as Foreign Minister who initially aimed for another job.
A similar dynamic occurs in Brazil's legislature, where the presidency of the Foreign Relations and National Defense Committee is at times (though not always) a consolation prize for those who lost the battle for more powerful commissions.
Second, being Foreign Minister implies enjoying the so-called "privileged forum," a special legal protection from prosecution in common courts, which entitles those accused to hearings by the Supreme Court, a much slower procedure. In the context of the ongoing Lava Jato prosecution, many of Temer's allies are currently in need of such extra protection, a fact that may influence the decision-making process.
Third, contrary to most other ministries, Itamaraty has a long tradition of being led by career diplomats. That increases the candidate pool further than is the case with the other cabinet posts, which will almost certainly be occupied by career politicians. Whatsapp groups of Brazil's foreign policy community are teeming with a relatively long list of potential candidates. The most frequently mentioned is that of Marcos Galvão, Itamaraty's second highest ranking diplomat since 2016.
Galvão is seen as highly competent and -- useful nowadays -- a trade expert (he served as Brazil's Permanent Representative to the WTO in Geneva), who is credited with coordinating Brazil's diplomatic strategy in the early days of the Temer presidency, when several Latin American countries expressed ambiguity about the legality of Dilma Rousseff's impeachment.
However, seen as close to Aloysio Nunes and Aécio Neves, Galvão would add little political weight and would not help Temer satisfy his numerous power-hungry coalition partners, such as PP, PR, PTB, PSD e PRB, which are part of the so-called 'Centrão' (literally, 'big center'), and whose main raison d'être is obtaining pork barrel funds (the appropriation of government spending). Other names include 73-year old Ambassador Sérgio Amaral, the government's spokesperson under President Cardoso, who was called back from retirement after Rousseff's impeachment to head Brazil's Embassy in Washington D.C., 79-year old Rubens Barbosa, Brazil's former Ambassador in Washington D.C. and London, and, as a long shot, Fred Arruda, President Temer's foreign policy advisor, among several other high-ranking diplomats.
Finally, there is still a reasonable chance that Aloysio Nunes may stay on, though that would have to be on Temer's "personal quota". Nunes has done a far better job than his predecessor, 75-year old José Serra, whose stint as Foreign Minister includes a few successes which were largely overshadowed by a series of misogynist gaffes and a remarkable lack of  knowledge of foreign policy (he famously failed to remember the member countries of the BRICS countries during an interview).
Nunes is more agile and genuinely interested in foreign policy, and he has traveled a lot beyond the beaten path, including ten African countries this year. By writing op-eds both in Brazil and abroad, he has also promoted a broader public debate about foreign policy, often neglected by mainstream commentators. Another argument in favor of Nunes, who has been on good terms with Temer for years, is that the Foreign Minister is currently overseeing the organization of a longer trip by Temer to Asia in January -- a region is that is increasingly important for Brazil's economy.
This, of course, does not fundamentally change the fact that the Foreign Minister's legitimacy to represent Brazil in the world is badly damaged by corruption allegations(Brazil's chief public prosecutor recently said there was “no doubt” that he received undeclared Odebrecht money to finance one of his campaigns; Nunes has denied participating in any corruption).
No Foreign Minister will be able to fully revive Brazil's foreign policy during Temer's remaining 13 months in office. Below the radar of the public eye, Brazil's diplomats have quietly and efficiently advanced in numerous areas, but their impact has at times been limited and overshadowed by instability at the top (Rousseff had three foreign ministers, and Nunes is Temer's second foreign minister).
Neither Nunes or any successor can change the fact that the Temer government has been bad news for Brazil's international role, largely due to its incapacity to quell the domestic political crisis in the face of a constant struggle against corruption allegations. That does not, in any way, reduce the importance of who will head the Foreign Ministry next month.
Indeed, irrespective of the broader political situation, Brazil's Foreign Minister will face tremendous challenges and opportunities during the next year, ranging from Mercosur's ongoing trade negotiations with the EU, OECD accession negotiations, preparing the 11th BRICS Summit which will take place in Brazil in 2019, addressing the refugee crisis at Brazil's northern border, fighting ever more sophisticated international criminal organizations in Latin America, and navigating and managing the profound geopolitical changes that await Latin America as Colombians, Paraguayans, Mexicans, Venezuelans and Brazilians head to the polls to choose new leaders during the course of 2018.
The probability that at least one of these elections will be won by a Trump-like radical projecting instability and uncertainty across the neighborhood is, sadly, quite significant. 

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Política Externa Brasileira e as relações com América do Sul

Com Lula e Evo Morales ao centro, líderes posam para foto na reunião da Cúpula das Américas em 2009




















Folha SP
Matias Spektor
01 Jun 2017

A crise da liderança brasileira na América do Sul não é o que você pensa

Ganha tração a tese segundo a qual a Lava Jato teria exposto o fracasso do projeto de liderança brasileira na América do Sul.

Uma das vozes mais influentes nesse debate é Andrés Malamud, da Universidade de Lisboa. Em artigo recém-publicado no jornal argentino "La Nación", ele argumenta que, devido à recessão e à corrupção, o Brasil teria perdido o dinheiro e a autoridade moral necessários para liderar a região. Sem Forças Armadas devidamente equipadas, qualquer ambição de liderança apenas seria uma quimera.

À primeira vista, tal análise é atrativa. Seu único problema é estar equivocada.

De fato, durante a Nova República criou-se um projeto estratégico para a América do Sul. 

De Sarney a Lula, todos os presidentes brasileiros seguiram seus ditames.

No entanto, o objetivo de tal política jamais foi o de exercer liderança, se liderança é o processo pelo qual um país custeia instituições regionais, provê segurança para os países de seu entorno e compra a adesão de seus vizinhos mais fracos no intuito de ter seguidores. O Brasil da Nova República nunca dispôs dos recursos materiais para algo assim.

Antes, o projeto regional buscou satisfazer outras necessidades do sistema político brasileiro. Em primeiro lugar, a política regional serviu para reduzir os custos e os danos causados pela fricção com uma vizinhança complexa e difícil. Os países do entorno sempre foram vistos em Brasília como fonte de problemas atuais ou potenciais, e a política externa buscou limitar esses atritos sem grandes investimentos.

Além disso, a diplomacia buscou regionalizar o capitalismo brasileiro a favor de grandes conglomerados nacionais. Grupos públicos e privados do Brasil viraram credores, investidores, compradores e vendedores de alto perfil em todos os países da região, contando para isso com subsídios do BNDES e do Banco do Brasil. A diplomacia serviu para facilitar esse processo.

Por fim, a diplomacia sul-americana foi um instrumento a serviço de sucessivos presidentes brasileiros na obtenção de apoio e legitimidade para suas respectivas batalhas em Brasília. Sarney usou a relação com Alfonsín para ganhar força diante dos militares. 

FHC usou o Mercosul para garantir uma política anti-inflacionária perante um Senado arredio. E Lula financiou as campanhas de Hugo Chávez para consolidar posições favoráveis ao PT numa região ideologicamente dividida.

Segundo a retórica oficial, o Brasil concebe a América do Sul como âncora de sua projeção global. Mas é só retórica. A crise atual não golpeia uma suposta liderança regional que nunca existiu. Ela apenas expõe os mecanismos mais profundos de uma estratégia que vive hoje seu pior momento.

fonte: Folha SP

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Diplomacia de Temer para a Venezuela virou pura retórica


























Folha SP
Mathias Spektor
 6 jul 2017

Não importa se você gosta de editoriais antichavistas ou se prefere as notas pró-Maduro do PT. Seja qual for a sua preferência, você achava que Michel Temer trabalharia para se afastar da Venezuela e pressionar o regime em Caracas.

Passado um ano de governo, é hora de pensar de novo.

Temer jogou seu peso para suspender a Venezuela do Mercosul, mas evitou o desgaste de fazê-lo em nome da democracia, apoiando-se, em vez disso, numa pirueta jurídica para punir o país pela não incorporação de normas mercosulinas.

O presidente também aderiu àqueles países que tentaram condenar a ruptura da ordem democrática na Venezuela na Organização dos Estados Americanos (OEA), mas não mobilizou sua rede de embaixadas no Caribe para fazer o corpo a corpo que seria necessário a fim de selar uma vitória.

Temer ainda chamou o embaixador brasileiro em Caracas para "consultas", aparente sinal de distanciamento em relação ao chavismo. Semana passada, porém, mandou-o de volta ao posto, mesmo se tratando de um representante nomeado por Dilma.

Os chanceleres deste governo foram à Rádio Jovem Pan para repetir a tese da "ruptura da ordem democrática", mas nunca contemplaram a possibilidade de acionar o mecanismo que a própria diplomacia brasileira inventou para situações como essa: a declaração presidencial de Potrero de Los Funes, assinada em 1996 e ratificada dois anos depois pelo Protocolo de Ushuaia. Ela permite a Brasília suspender os acordos bilaterais já firmados com Caracas.

Não à toa, embaixadas estrangeiras em Brasília se perguntam quão séria é a retórica antichavista do governo. Indagam se o comportamento brasileiro é produto de falta de interesse ou falta de força, dada a fragilidade política do presidente.

De fato, a prioridade absoluta de Temer é sobreviver junto à base aliada, não lançar grandes empreitadas no exterior. Sua diplomacia precisa ser de baixo custo e risco zero.
No caso da Venezuela, porém, isso é um problema. 

Por um lado, milhares de famílias venezuelanas chegam a Roraima à procura de ajuda. Por outro, a Venezuela tende a virar um narcoestado, e o contágio por meio de uma fronteira que não controlamos seria inevitável. É nossa pior crise de segurança internacional em décadas.

Não há mais nada que o Planalto possa fazer em Caracas. A janela de oportunidade que antes existia já passou. A única prioridade agora deveria ser a de sensibilizar para valer os três países que ainda sustentam o chavismo e seus desmandos: Cuba, China e Rússia. 

A julgar pelo andar da carruagem, entretanto, o governo brasileiro não o fará.

fonte: Folha SP

quinta-feira, 20 de julho de 2017

Diplomacia brasileira se prepara para cenário de guerra na Venezuela


























Folha SP - Clóvis Rossi
20 jul 2017

O embaixador brasileiro em Caracas, Ruy Pereira, marcou para as próximas terça e quarta (25 e 26 de julho) uma reunião com os representantes diplomáticos na Venezuela para, , segundo o chanceler Aloysio Nunes, discutir providências para proteger a comunidade de brasileiros no país na eventualidade de um agravamento de uma crise que já está em ponto de combustão. 

A conta mais recente indica que vivem na Venezuela cerca de 32 mil brasileiros. 

A iniciativa do embaixador é sábia, a julgar pela descrição que faz da conjuntura venezuelana um de seus melhores analistas, Luis Vicente León, responsável pelo centro de pesquisas Datanalisis:

"O governo acredita que está morto politicamente se não consegue passar a sua Constituinte [votação convocada para o dia 30 de julho]. Mas, da mesma forma, a oposição sente que essa Constituinte representa sua morte e também a da democracia, da República, dos direitos humanos e econômicos e as possibilidades de resgatar a paz", escreveu. 

Como nenhum dos lados em confronto que morrer, é inevitável que soem tambores de guerra em um país já conflagrado por manifestações diárias há cem dias (96 mortos até agora) e por uma situação econômica e social que fica mais dramática a cada dia. 

O drama do dia (quarta-feira, 19 de julho): o custo da cesta básica subiu 24,1% de maio para junho. Em um ano, o aumento foi de 343,2%. 

Para poder adquirir a cesta básica, um venezuelano precisa de 18,9 salários mínimos. 

Não há quem consiga viver nesse ambiente,, o que ajuda a explicar a notável mobilização para votar no ultimo domingo (16) em um plebiscito não oficial, convocado pela oposição. 

Compareceram, segundo os oposicionistas, 7,6 milhões de pessoas, que era o máximo para o qual se preparara a coalizão opositora MUD (Mesa de Unidade Democrática). Foram montados locais de votação para apenas um terço do eleitorado total (19,8 milhões), o máximo de capacidade logística que a oposição conseguiu. O comparecimento foi, portanto, praticamente o total do esperado. 

Com base nesse resultado, a MUD declarou nesta quarta-feira que a mudança de governo "é inevitável e iminente" e anunciou seu compromisso de "formar um governo de união nacional", para "garantir a governabilidade do país no caso de que se logre a saída de Nicolás Maduro do poder". 

A oposição acredita que o sucesso de uma greve geral convocada para esta quinta (20 de julho) servirá para tornar ainda mais "inevitável e Iminente" a queda de Maduro.

Mas o governo não está nem remotamente disposto a ceder um milímetro nesta batalha. 

Toca, ele também, os tambores de guerra, na forma, por exemplo, da convocação do Conselho de Defesa, Trata-se do "organismo máximo de consulta para a planificação e assessoramento do Poder Público em assuntos relacionados com a defesa integral da Nação, sua soberania e a integridade de seu espaço geográfico". 

É, em tese, a resposta à ameaça dos Estados Unidos de impor sanções à Venezuela, se não for desconvocada a votação para a Assembleia Constituinte. 

Na prática, contudo, é a preparação do governo Maduro para a guerra antevista pelo analista Luis Vicente León. 

fonte: Folha SP      

domingo, 14 de maio de 2017

Morre Antonio Cândido aos 98 anos

























São Paulo 
12 de Maio 2017

O crítico literário e sociólogo Antonio Cândido morreu em São Paulo na madrugada desta sexta-feira (12) aos 98 anos.

Pioneiro da crítica literária brasileira

Antonio Cândido foi um dos mais importantes críticos literários brasileiros. Ele nasceu no Rio de Janeiro em 24 de julho de 1918, filho do médico Aristides Cândido de Mello e Souza e Clarisse Tolentino de Mello e Souza. 

Na infância, não estudou em escolas e foi educado em casa tendo a mãe como professora. Ainda criança, ele se mudou para Poços de Caldas (MG) e depois para São João da Boa Vista, no interior de São Paulo. Cândido também viveu na França entre 10 e 12 anos.

Em 1937, iniciou os cursos de Direito e de Ciências Sociais na Universidade de São Paulo (USP). Quatro anos depois se formou em Ciências Sociais. 

Iniciou a carreira como crítico literário nos anos 40, tendo escrito para jornais como "Folha da Manhã", "Diário de São Paulo" e "O Estado de São Paulo". 

Tornou-se livre-docente de literatura brasileira em 1945 e doutor em Ciências em 1954. Em 1974 passou a ser professor titular de teoria literária e literatura comparada da USP, cargo em que se aposentou em 1978. 

Obras mais importantes

De suas obras de crítica literária, a mais importante é "Formação da Literatura Brasileira", de 1959, sobre os momentos decisivos da formação do sistema literário brasileiro. 

Também foi importante graças a seus estudos sociológicos. Analisou o "caipira paulista e sua transformação" em "Os parceiros do Rio Bonito" (1964). 

Ao lado de outros intelectuais brasileiros, entre eles Sérgio Buarque de Holanda (1902/1982), Antonio fez parte da criação do Partido dos Trabalhadores (PT), em 1980. 

Prêmios

Em 1998, recebeu o Prêmio Camões, concedido pelos governos do Brasil e de Portugal, em Lisboa. 

Em 2005, ganhou o Prêmio Internacional Alfonso Reyes, no México.  

Cândido ganhou também quatro vezes o Prêmio Jabuti, o mais importante no Brasil. Venceu por "Formação da Literatura Brasileira" (1960), "Os parceiros do Bonito" (1965), "Brigada ligeira e outros escritos" (1993), e a estatueta de personalidade do em 1966.

Antonio cândido também foi professor-emérito da USP e da UNESP e doutor honoris causa da Unicamp, de Campinas (SP), além de professor honorário de Estudos Avançados da USP. 

Livros fundamentais para entender o Brasil

Em 2000, Antonio Cândido publicou na revista "Teoria e Debate" uma lista com os 11 livros que ele considerava fundamentais para quem deseja conhecer o Brasil. 

Mesmo reconhecendo que a tarefa era um pouco ingrata e que deixaria muita coisa boa de fora, ele se propôs a apontar aqueles que, na sua opinião, abordariam aspectos fundamentais sobre o Brasil para que desejasse "adquirir boa informação a fim de poder fazer reflexões pertinentes, mas sabendo que se trata de uma amostra'.

Eis os livros:

1. "O Povo Brasileiro" de Darcy Ribeiro -  "livro trepidante, cheio de ideias originais, que esclarece num estilo movimentado e atraente o objetivo expresso no subtítulo". 

2. "Raízes do Brasil" de Sérgio Buarque de Holanda - "análise inspirada e profunda do que se poderia chamar a natureza do brasileiro e da sociedade brasileira a partir da herança portuguesa, indo desde o traçado das cidades e a atitude em face do trabalho até a organização política e o mode de ser."

3. "História dos Índios do Brasil" organizada por Manuela Carneiro da Cunha -  “redigida por numerosos especialistas, que nos iniciam no passado remoto por meio da arqueologia, discriminam os grupos linguísticos, mostram o índio ao longo da sua história e em nossos dias, resultando uma introdução sólida e abrangente". 

4. " Ser escravo no Brasil" de Kátia de Queirós Mattoso - uma excelente visão geral desprovida de aparato erudito, que começa pela raiz africana, passa à escravização e ao tráfico para terminar pelas reações do escravo, desde as tentativas de alforria até a fuga e a rebelião”.

5. "Casa Grande e Senzala" de Gilberto Freyre - “Verdadeiro acontecimento na história da cultura brasileira, ele veio revolucionar a visão predominante, completando a noção de raça (que vinha norteando até então os estudos sobre a nossa sociedade) pela de cultura; mostrando o papel do negro no tecido mais íntimo da vida familiar e do caráter do brasileiro; dissecando o relacionamento das três raças e dando ao fato da mestiçagem uma significação inédita”.

6. "Formação do Brasil Contemporâneo, Colônia" de Caio Prado Júnior - “É admirável, neste outro clássico, o estudo da expansão demográfica que foi configurando o perfil do território – estudo feito com percepção de geógrafo, que serve de base física para a análise das atividades econômicas (regidas pelo fornecimento de gêneros requeridos pela Europa), sobre as quais Caio Prado Júnior engasta a organização política e social, com articulação muito coerente, que privilegia a dimensão material”.

7. "A América Latina, Males de Origem" de Manuel Bonfim - “depois de analisar a brutalidade das classes dominantes, parasitas do trabalho escravo, mostra como elas promoveram a separação política para conservar as coisas como eram e prolongar o seu domínio”.

8. "Do Império à República" de Sérgio Buarque de Holanda - “expõe o funcionamento da administração e da vida política, com os dilemas do poder e a natureza peculiar do parlamentarismo brasileiro, regido pela figura-chave de Pedro II”.

9. "Os Sertões" de Euclides da Cunha - “livro que se impôs desde a publicação e revelou ao homem das cidades um Brasil desconhecido, que Euclides tornou presente à consciência do leitor graças à ênfase do seu estilo e à imaginação ardente com que acentuou os traços da realidade, lendo-a, por assim dizer, na craveira da tragédia”.

10. " Coronelismo, Enxada e Voto" de Vitor Nunes Leal - “análise e interpretação muito segura dos mecanismos políticos da chamada República Velha”.

11. "A Revolução Burguesa no Brasil" de Florestan Fernandes - “uma obra de escrita densa e raciocínio cerrado, construída sobre o cruzamento da dimensão histórica com os tipos sociais, para caracterizar uma nova modalidade de liderança econômica e política”.

fontes:  Página Cinco
             G1

domingo, 30 de abril de 2017

Brazil reducing Key Posts

















Brazil's Ministry of Foreign Affairs to Shut Down Key Posts

Folha SP Internacional
march 2017

Brazil's minister of foreign affairs initiated a process that will reduce the number of diplomats occupying so-called A posts, which are more coveted and expensive than the rest, such as the embassies in New York, London and Paris.
A memo addressed to embassies considered to have sufficient or even excessive diplomats working for them was sent out on Monday (27).
In it, the minister requests a report on all the employees working at each of these places, along with a detailed description of their duties.
Itamaraty, Brazil's ministry of foreign affairs, will use these reports to determine where cuts will be implemented.
According to the minister, too many diplomats are occupying positions at coveted embassies, while several so-called D posts, which are considered the hardest to manage, have many vacancies.
Such is the case of the Brazilian embassies in Freetown, the capital of Serra Leoa (Africa), Baghdad, in Iraq, and Pyongyang, in North Korea.
Upon taking office, the former foreign affairs minister José Serra requested that a study be conducted to look into the cost and performance of diplomatic posts that were inaugurated under the Lula administration (2003 - 2010) as well as the Dilma administration (2011 - 2016) so as to determine whether any of them should be shut down.
The embassies that were targeted were the ones that were created in recent years in Africa and in the Caribbean.
The creation of embassies and posts in poor countries - most of which were opened in Africa and the Caribbean - was one of Lula's trademarks.
Lula himself inaugurated 17 embassies and traveled to African countries on numerous occasions.
However, shutting down embassies also produces huge costs due to labor lawsuits and contract terminations, not to mention political costs.
Folha discovered that the plan to shut down diplomatic posts is being carried out slowly.
Diminishing the number of diplomats occupying A posts would be another way of making budget cuts in the ministry.
However, according to the ministry itself, these cuts have nothing to do with balancing the books, rather they are a form of balancing the number of diplomats both in Brazil and abroad.
Brasília has 70 vacant diplomatic posts, while filling D posts has been a chronic problem.
According to the current rules, if a diplomat has spent 3 years at an A post, such as Madrid, and another three years at a B post, such as Ljubljana (the capital of Slovenia), the diplomat may apply for a C post.
However, according to the new rules, that same diplomat would be forced to occupy a D post or return to Brasília.
This new rule was not well-received by diplomats, who consider it a form of prohibiting professionals from occupying the most coveted posts.
According to the ministry, diplomats will not be forced to leave an A post before completing the normal period of time - which can last up to three years.
Changing such norms is a process that will take at least a couple of years to be implemented.

Linkwithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...